"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto." Bernardo Soares - Livro do desassossego
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Ele...
Ele que atravessou a minha vida,
Minha luz, meu calor e meu luar,
Ele que foi triste despedida,
Sem nunca ter a sorte do encontrar!
Ele... o meu sonho e o meu tormento,
Ele... meu abrigo e liberdade,
Ele, meu Amor azul-cinzento,
Paixão feita de cor e de saudade!
Ele presente de dor consentido,
Carícia do vento na alvorada,
silêncio do abraço pressentido...
Ele, meu desejo d`alma fechada,
que por ti aberta teria sido,
tivesses escolhido outra entrada!
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Meu Filho,
O bebé que tu foste eu já perdi,
Disse-me adeus por entre os dias…
Tão grande essa ternura que vivi,
Não dei pelas mudanças que sofrias.
Olhas-me agora, sério e divertido,
Sabendo muito mais do que ensinei,
Ás vezes magoado e sentido,
Da forma que jamais imaginei…
És homem, rapazinho, meu menino,
Conheces o silêncio e a solidão,
Que te fará Senhor do teu destino.
Corpinho de haste que o vento leva,
Num espírito forte, em crescimento,
Que a luz te guie sempre houver treva!
quarta-feira, 14 de abril de 2010
O rio mudado
Na infância o rio sonhado
tinha pedrinhas para saltitar
E por elas ir e atravessar
Margem a margem um espaço amado
Na água tocava só a brincar,
E por ele ia feliz, sorrindo
Nunca tropeçando ou caindo
Leves seus passos pareciam voar!
Crescendo a criança se perdeu,
Ou será o rio tão diverso,
Que as pedras em tristezas se mudaram?
Já não salta no espaço que era seu
Dos olhos chorosos, rosto disperso
As águas doces, salgadas ficaram.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Se todos...
Se todos soubessem
Como a vida é simples
Se todos pudessem
abrir-se ao calor de Verão!
Deixar respirar a alegria
levantar os pés do chão...
Se todos fizessem,
de vez em quando
uma corrida
para fora de si
com bilhete só de ida...
Se todos levassem
as mãos livres, vazias
e se libertassem
de carregos e de feridas...
Há como seria
quente um golpe de asa
e morena a onda de sonho
que rodeia a tua casa!
Estado de Alma
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Mar - Maria
Perguntas ao mar ritmado,
Em si desdobrado
Porque vai ou porque vem?
Não sabes que a onda que parte
Em som de arrebate
Voltará p`ra ti, Meu Bem.
Se por triste destino
E em desatino
Do mar, se fosse o movimento
Ama-lo-ias parado,
da sua vida arrancado
Sem sonho,
Sem sal e sem vento?
Em mar respira a mulher
Um beijo que quer
meu nome entoou
Vivo dele o perfume
Na tua praia molhada,
sonhada...
Mar, Maria eu sou
Os medos são reais… Só existe a dor...
Os medos são reais... Só existe a dor,
Num coração descrente, insubmisso,
Doutra primavera já teve o viço,
Eternidade que pode supor...
.
Mas um deserto feito só de dúvida,
Medos que se erguem como punhais!
Ferem tanto que vós subjugais,
O que só livre tem valor na vida...
.
Contudo pode ainda haver verdade,
E boa - fé nos olhos que vos fitam,
mas de torpe mentira acusareis...
.
Negando pois a sinceridade
Supondo crimes que vos irritam
Distante do Amor então sereis!
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