"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto." Bernardo Soares - Livro do desassossego
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Esta noite a lua chora.
Olhei bem nos teus olhos
E não vi a luz do teu amor
Apenas as sombras do passado
Fazendo eco, mas sem calor
Assim,
A mágoa fala bem mais alto
Na tua ausência e o silêncio…
De quem não devia esperar
Os segredos que restam
Está na hora de guardar.
Está na hora de desistir,
Está na hora de chorar…
Chegou a hora da verdade
Esta noite a lua chora
Porque o tempo ferra e dói
Queimando toda a vontade
Está na hora de pedir à noite
Que me envolva em escuridão
Á minha volta há novamente
Malas que levam o coração
Sem pressa, para não tropeçar
Nos vidros partidos do tempo
Do passado que já fomos
Levanto a âncora da vida
No mar que me irá levar.
Mas esta noite é para chorar
Chorar para fazer caminho
Mar de lágrimas é brando
Quando se rema sozinho...
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Desvanece...
Estes eram os dias em que a alma ardia
Em que a dor te envolvia como um manto
Em que a tempestade se apagava no pranto…
Estas são as noites em que o frio invade
Pelo corpo se espalha como doença
Em que o esquecimento é a sentença.
Por fim, vencida pelo cansaço,
De uma espera sem esperança
Escureço num sono sem lembrança
Não consigo segurar a luz da tarde,
Este perfume que ao ar pertence
Nem a tua imagem que desvanece…
quarta-feira, 16 de março de 2016
Solidão
Seria apenas um dia,
dos muitos que tenho tido...
Não fora ter-me cruzado,
de manhã, logo contigo.
Entraste no meu pensamento
Como em casa vazia,
ecoando os teus passos
na minha alma tão fria.
Sabia que a tristeza
a minha porta fechara
e que a negra mentira
há muito tempo a trancara...
Mas como posso negar
que iluminaste o meu dia
Que desta enorme solidão
Nem eu própria sabia...
terça-feira, 15 de março de 2016
Fado da despedida (o meu)
Esta noite sabe a traição,
A sonhos desfeitos, a quimeras,
À nossa vida que jogas ao chão
À imagem partida do que eras…
Esta noite sabe a despedida,
Sabe a um adeus para sempre
É uma traça que segue perdida,
Tentada por luz de falso poente
E eu, onde estava, já não estou,
E eu, por onde andei, já não vou,
E eu, porque quis, já não quero.
Agora és… um amargo de boca,
Uma sombra de raiva, já tão pouca,
De ti, pouco ficou e nada espero.
domingo, 6 de março de 2016
Sem sentido
Quando desejei fez sentido
Quando amei, ainda mais,
Quando chorei, num suspiro
Engoli sozinha os meus ais
Quando doeu me magoou
a minha alma mudou de cor
E a um invólucro vazio
Doei apenas o meu Amor
E…
Fui esperança, não desisti,
Fui criança acreditei,
Mesmo na ponta do medo
Quando nada tinha ainda dei…
Caminhei até ao fim do caminho
Para saber, não há caminho algum
Quando apenas há um sentido
Não faz sentido nenhum
Pintei sozinha um sonho
Da cor do meu querer
Mas a água da chuva lavou
Resta apenas adormecer…
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Luiz
Assim te sinto
sem palavras,
Onde iremos,
não sei.
Onde te espero
e amanheço,
Onde permaneço…
seguirei
Não há lugar,
não há tempo,
Não há
infinito, mas indeterminado…
A matéria que
não é átomo
Acontece, é
momento…
Um dia, é um
tempo, sempre presente,
Uma noite, nos
teus braços, é eterna
Um sorriso teu
marca o lugar
Onde fica o
nosso paraíso.
Não temos
onde, não temos quando,
Não temos
caminho, só essência
E eu fixo
apenas a permanência
Da cadência
das ondas do mar.
Somos o que
somos sem par
Sem
explicação, sem passado
O futuro é
indeterminado
O presente é o
teu olhar.